A Associação Mais Cultura – atualmente renomeada de Associação Despertar – carrega em sua trajetória o ensejo de trazer à luz diversos elementos da cultura dos grupos étnicos que viveram e ainda vivem no oeste de Santa Catarina. Ao promoverem ações que recuperaram, fomentaram e registraram os costumes, valores, modos de vida e tradições do povo oestino, aproximaram gerações que compartilham além do mesmo sangue, as mesmas raízes culturais.
Dentre os elementos culturais, destacamos nesse momento as ações das mestras de sabedoria popular que utilizam como base para tratamentos e prevenções de doenças, chás, pomadas caseiras, xaropes, infusões e banhos fazendo uso das plantas medicinais que habitam em nosso solo.
Para que esse saber fazer não se perca, ou escape por entre as mãos que curam, é que idealizamos esse projeto, o qual tem como objetivo realizar pesquisa, produção de material impresso e oficinas de formação de multiplicadores apresentando temas e discussões relevantes acerca das plantas medicinais como fonte de vida, atenção à saúde, sustentabilidade ambiental e cultural no oeste catarinense, especialmente nos municípios de Chapecó, Pinhalzinho, Saudades e Águas Frias.
Em termos operacionais, tal investigação compreendeu os quatro municípios mencionados e a primeira etapa do processo foi o mapeamento dos detentores/as dos saberes, os quais atuam nas comunidades e são reconhecidas como agentes de saúde, curandeiras e benzedeiras. Um dos principais critérios de seleção das participantes da pesquisa foi sua prática de cultivar plantas medicinais e preparar chás, essências, pomadas e outras fórmulas caseiras que tem como princípio ativo plantas medicinais que agem no tratamento e prevenção de doenças.
Tão importante quanto o reconhecimento da sociedade para com as agentes de cura, foi a colaboração das lideranças comunitárias e representantes das instituições culturais de cada município, os quais nos possibilitaram chegar até essas mestres. Após esse primeiro contato, nosso trabalho foi materializar e salvaguardar os saberes, os fazeres e as expressões desse patrimônio cultural imaterial das curandeiras, benzedeiras, agentes de saúde que atuam e são reconhecidas e lembradas pelas comunidades.
Os ricos momentos de conversas e aprendizados que tivemos, após processo de sistematização, resultaram em:
a) Pesquisa e registro de informação com quatro mestres de sabedoria popular, detentoras de saberes que utilizam plantas e ervas medicinais na cura e prevenção de doenças;
b) Elaboração de cartilha e banners contendo informações relacionadas ao cultivo e usos de ervas medicinais;
c) Realização de 10 oficinas de formação de multiplicadores e/ou ações educativas com a finalidade de socializar os saberes tradicionais registrados, ao público alvo do projeto;
d) Compilação e sistematização em relatório final, de sugestões para continuidade da iniciativa de registro e salvaguarda dos conhecimentos tradicionais de benzedeiras, e curandeiras da região oeste catarinense.
Para além da salvaguarda e divulgação desse conhecimento, essa proposta contribuiu para a inclusão social, construção da cidadania e geração de emprego e renda, por meio de ações de fortalecimento das identidades culturais nas comunidades de abrangência do projeto. Nesse mesmo sentido, acabou por incentivar a produção e o uso de plantas medicinais e fitoterápicos nos municípios parceiros; a capacitação de profissionais de saúde e educação em fitoterapia; o incentivo à produção de plantas medicinais como alternativa para qualidade de vida e saúde, nas comunidades rurais e escolas; o atendimento à comunidade escolar com o plantio de mudas de plantas medicinais; a valorização do conhecimento de hábitos como aspecto de qualidade de vida com responsabilidade e consciência em relação a sua saúde e a saúde coletiva.
CARTILHA COMPLETA DISPONÍVEL EM: https://docs.wixstatic.com/ugd/2ce448_f03cf54d10504c9d8499132a7cf88081.pdf
NOTÍCIAS RELACIONADAS: http://www.pinhalzinho.sc.gov.br/grupos-do-cras-recebem-oficinas
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